
Era uma aula sobre artes indígenas do Brasil para alunos de 6 a 8 anos. Eu quis propor a vivência da relação entre a arte e seus grafismos e a vida acontecendo na prática, a relação entre arte, vida e cultura. Os alunos foram para fora da sala de aula explorar o que os rodeia diariamente, despertando o olhar para a arte.
A proposta inicial da aula era observar, identificar e registrar, por meio de desenhos, os padrões da natureza. A partir destes registros, na aula seguinte os alunos trabalhariam em uma criação autoral.
Enquanto aquela aula de observação e exploração seguia, entre mil acontecimentos diários, desafiadores e corriqueiros da vida, fiquei pensando sobre o que estava além da proposta desenvolvida: a busca era pela pausa, pela atenção, pelo olhar.
Fiquei pensando em tantas entrelinhas que essa aula teve e cheguei a uma conclusão: eu queria ter tido as aulas que eu vivo com meus alunos!
Queria ter sido estimulada a ver uma vida além do que se apresenta, a pausar, observar e ver várias possibilidades antes de decidir algo, de ter tempo e espaço para questionar e procurar meios de criar respeitando minha individualidade, de ser valorizada interna e externamente.
Ser professor é ir além de mim, é entrar em contato com muitas nuances de mim mesma. A cada dia eu sinto a importância que os meus alunos, que a educação e que os meus estudos têm para mim!
Eu fico exausta, gargalho, sorrio, canso, me frustro e, tem dia, que choro. E tem dia que tudo isso acontece junto, mas todo dia há descobertas, observações, vivências, registros e criações que fazem tudo valer a pena.
Como adultos, é importante nos darmos tempo e oportunidade para buscar a pausa, a atenção e o olhar, para que não percamos do nosso campo de visão a relação entre nossa arte, a vida e a cultura.
Como professores, é essencial planejar para nossos alunos experiências de aprendizagem que nós também gostaríamos de ter vivido — experiências que estimulam relações e reflexões, que chamam para a ação e que estão sob o olhar de um professor que cuida, estimula, ampara, acompanha.
Eu posso não ter tido isso com meus 6, 7 ou 8 anos, mas posso hoje viver isso com meus alunos dessa idade. Nós aprendemos e ensinamos juntos.
Por Lilian Lindquist Bordim
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