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“Ela é uma boa professora, porque ela sabe fazer perguntas”

Atualizado: 5 de mar.

Para entender essa história que eu vou contar, deixem-me contextualizar um pouco esta escola. Estamos falando da FourC Bilingual Academy, idealizada e mantida pela Sara Hughes, que teve vontade de fazer uma escola diferente do tradicional em Bauru, interior de São Paulo.


Sara foi motivada por sua experiência em empresas, percebendo as habilidades e competências que poderiam ser mais desenvolvidas nas pessoas que ela recebia ingressando no mercado de trabalho. Outra motivação da Sara, certamente, foi sua mãe, Connie Hughes, professora e consultora pedagógica. Ela sempre teve uma visão disruptiva de educação também e Ms. Connie, como a chamamos, está sempre visitando nossa escola e inspirando as novas gerações de educadores.


Escola contextualizada, vamos para a história!


Estes dias, conversando com a Marina, uma das coordenadoras pedagógicas da FourC sobre seu filho de 8 anos, ela contou sobre um diálogo que eles tiveram em casa:


-Mamãe, a Ms. Connie passou em nossa sala de aula hoje.

-Ah é, filho? E o que ela fez lá?

-Perguntou coisas pra gente. 

-E o que ela perguntou?

-Ué, o que ela sempre pergunta! Ela perguntou o que a gente tava fazendo! Acho que a Ms. Connie só sabe falar por perguntas!

-É que ela é uma professora muito… -  Aqui, Marina ia dizer experiente, mas Pedro a interrompeu e completou:

-Boa, né Mamãe?

Gostando do que ouviu, Marina sorriu e perguntou:

-E o que te faz dizer que ela é uma boa professora?

-Ela sabe fazer perguntas!


É muito gostoso olhar pelas lentes das crianças e perceber o quanto elas sabem ler do nosso mundo e conseguem enxergar o que às vezes escapa ao nosso olhar de adulto! 


Nas visitas da Ms. Connie pela escola, os professores ficam sedentos por momentos de formação e reunião com ela, no entanto, o que ela gosta realmente de fazer é de estar em sala de aula e agir. Às vezes ela age como aluna, levantando a mão e verbalizando hipóteses ou dúvidas, às vezes ela age como uma professora parceira, participando das instruções, e todas as vezes ela age como investigadora, perguntando aos alunos sobre os processos em que estão envolvidos, o que estão aprendendo e como estão aprendendo.


Quando ela está em sala de aula, observar suas ações é um grande momento de aprendizagem. E o Pedrinho, de 8 anos, já decifrou um dos fatores para ser um bom professor: saber fazer perguntas.


Somos entusiastas da aprendizagem baseada na investigação (inquiry-based learning) e do método socrático, ferramentas que podem se adequar a diversos ambientes de aprendizagem. Como aprendizes, nós formulamos perguntas a nós mesmos o tempo todo para traçar nossos próprios percursos de pesquisa.


Desejamos que nossos alunos se formem aprendizes autônomos, investigadores autônomos, mas para chegar na autonomia, há toda uma construção. Nós precisamos, como professores, oferecer os andaimes necessários para que os alunos construam seu próprio aprendizado desde o alicerce até o topo.


O método socrático oferece cinco estágios de diálogo com o aluno que podem ser bons andaimes para a construção da autonomia do aluno em relação à sua própria aprendizagem:


  1. Escute: receba sem interrupções o que o aluno tem a dizer, ouça seus pontos de vista e suas premissas.

  2. Reflita: após ouvir, cheque sua compreensão. Tente resumir as falas do aluno e esclareça se você entendeu realmente o que o aluno quis dizer.

  3. Refine: Peça para que os alunos ofereçam evidências para apoiar suas falas. Pergunte “Por que…?” para ajudar os alunos a construírem suas evidências verbalmente.

  4. Reafirme: após a coleta de evidências, refaça com os alunos as afirmações iniciais.

  5. Repita: recomece o ciclo com as novas afirmações, isso vai ajudar a remover as falácias do discurso e aprimorar as discussões, respostas, etc.


Pode até parecer que são muitos passos inicialmente, mas quando praticamos bastante, vemos que não são, não! Estes passos podem estar desde os processos de pesquisa dos alunos até nas interações diárias, como ao perguntar ao aluno o que ele está fazendo naquele momento da aula.


Então, as dicas para sermos bons professores porque sabemos fazer boas perguntas, são: em primeiro lugar, sejamos mais Pedrinho! A observação e a reflexão sobre aquilo que observamos nos ajudam a entender quais são as melhores práticas para nosso ambiente de aprendizagem. 


Em segundo lugar, é uma dica compartilhada pela própria Ms. Connie: tenha recursos, cole! Faça uma listinha (curta, mas eficiente) de boas perguntas e carregue-a com você. Enquanto seus alunos trabalham em sala de aula, faça estas perguntas da sua lista para eles. A cada nova resposta, uma nova pergunta!


A terceira e última dica é a pergunta que a Ms. Marina fez para o Pedrinho. “O que te faz dizer isso?”. Comece a colocar as perguntas em sua prática diária por esta questão. Ela parece simples, e se encaixa em diversos contextos, mas ela é bem profunda ao fazer o aluno pensar nas evidências que suportam suas afirmações.


Ao fim do diálogo da Marina com o Pedrinho, ela sorriu com muita satisfação pela conversa que tiveram e o abraçou, pensando "Se me perguntassem isso quando eu era criança, teria certamente dito que um bom professor é aquele que sabe responder e não perguntar - Que bom que o Pedrinho pensa diferente!”. Sejamos mais Pedrinho!


A FourC Learning pode te ajudar a construir seus próprios recursos em relação ao método socrático e as rotinas de pensamento do Project Zero da Harvard, que também são excelentes suportes para o diálogo em sala de aula. Procure nossos representantes e converse sobre as melhores soluções para sua escola!


Referências:



Project Zero. (s.d.). What makes you say that? Harvard Graduate School of Education. Disponível em: https://pz.harvard.edu/sites/default/files/What%20Makes%20You%20Say%20That_2.pdf 


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